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Projeto de Vida ganha maior destaque no novo ensino médio

  • Crédito de Imagens:Divulgação - Escrito ou enviado por  Laís Miranda
  • SEGS.com.br - Categoria: Educação
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O novo ensino médio está chegando... Mas será que é tão novo assim? Novas vivências se tornaram necessárias por conta das demandas de um mundo cada vez mais competitivo, mais dinâmico e cheios de desafios para as profissões do futuro. Empreender, ter processos criativos e investigativos são eixos fundamentais para se destacar cada vez mais em um mercado que exige demandas que surpreendam, fazer a diferença hoje está muito mais interligado as habilidades emocionais que as habilidades técnicas.

Para isso tudo acontecer, os colégios buscam trabalhar com trilhas de aprofundamento, os chamados itinerários formativos que estão inseridos nas quatro áreas do conhecimento que os alunos poderão optar de acordo com suas afinidades. Além disso, a principal mudança no novo ensino médio (que deve ser implantado em todas as escolas públicas e privadas em 2022) é o chamado “Projeto de Vida”. Este componente transversal será oferecido nas instituições de ensino para ajudar os jovens a entender suas aspirações. O objetivo é ajudar o aluno a compreender o que ele quer para seu futuro, ao mesmo tempo que entende como a escola pode ajudá-lo a alcançar este objetivo.

O Colégio Montessoriano (Boca do Rio) já está preparado para todas as mudanças no ensino médio (veja abaixo as principais), pois vem “respirando” essas adequações exigidas por lei (aprovada em 2017) desde 2018. E mais: já trabalha em sintonia com esse conceito do Projeto de Vida, através do programa “Líder em Mim (Lem)” e tem, também entre suas diretrizes, a oferta da orientação profissional e a melhor condução dos alunos do 9º ano do ensino fundamental para a “temida” transição para o ensino médio.

“O Lem é um programa de educação socioemocional focado em promover a mudança comportamental em educadores e alunos, desenvolvendo sua autoestima e autoconhecimento para que se tornem protagonistas de suas próprias vidas e da transformação da sociedade. Este programa está de acordo com o Projeto de Vida que visa a construção do cidadão consciente do seu papel, de saber ouvir e refletir, de ser protagonista de sua vida e, assim, estar preparado para este novo mundo cada vez mais tecnológico, para o mercado de trabalho, para a vida”, explica Carina Menezes, pedagoga há 20 anos, coordenadora do 9º ano do fundamental 2 ao ensino médio do Montessoriano.

“Acredito que o modelo de aprendizagem por áreas de conhecimento, que permitirá ao estudante optar por uma formação técnica e profissionalizante, aumentará a possibilidade do jovem se inserir mais rapidamente no mercado de trabalho, por exemplo. No entanto, é preciso um olhar atento para a flexibilidade que os educandos terão para a escolha da área de conhecimento e perceber a necessidade de instituições e profissionais os orientarem sobre a responsabilidade das preferências”, opina Josimar Mota da Silva, professor de Produção Textual do Colégio Montessoriano. Para ele, os itinerários que a escola pode ofertar trarão a possibilidade de construir sólidas formações com os estudantes e provocá-los ao aumento de interesse pelos estudos a partir de escolhas que se baseiam em suas afinidades. “Porém, a liberdade de escolha envolve grande responsabilidade e é necessário ter atenção a isso”, completa.

As novidades do novo ensino médio estão sendo incorporadas pelos professores e coordenadores da escola. “Todo profissional de educação precisa estar ciente desses novos dispositivos e do que se espera do trabalho docente a partir das novas diretrizes. Além disso, considerar a necessidade do protagonismo do estudante no processo de aprendizagem é algo essencial para que professores façam o melhor uso do novo ensino médio. A forma de ensinar se encontra em constante mudança. Ela se adequa às transformações da nossa sociedade. É necessário enxergar que o modelo de ensino atual já não contempla totalmente as demandas sociais e, então, é preciso repensar. Assim, muda-se a forma do profissional construir o processo de experiências ao dar protagonismo aos estudantes e enxergar o ensino não como algo isolado, mas como conhecimentos que se ligam e se somam entre as áreas”, completa Josimar.

Essas mudanças já vêm sendo trabalhadas também junto aos alunos (e seus familiares), especialmente para aqueles que vão viver a experiência não somente de entrar no ensino médio, mas de inaugurar o novo modelo. “No primeiro ano do ensino médio, os alunos sentem o baque. Muda tudo: carga horária, ritmo, organização curricular etc. Além disso, este período coincide com o momento em que eles estão em ebulição com a adolescência. Eles costumam ter a certeza de que ‘cresceram’ e, por isso, ‘podem tudo’. Aí o que vemos são altos índices de recuperação no primeiro ano do ensino médio, pouco aproveitamento durante este período e, claro, um certo desespero no 3º ano quando percebem que não fizeram tudo, não aproveitaram bem para estarem preparados para esta finalização, seja com o Enem, vestibulares etc.”, explica Carina Menezes.

Para a aluna Maria Luísa Santos Lima, 15 anos, 9º ano do fundamental do Montessoriano, o colégio está exercendo um papel muito importante porque todo esse processo é algo muito novo e que pede muitas explicações. “A equipe do colégio está sempre disposta a tirar dúvidas e até pede retorno e sugestões por meio de pesquisas, o que contribui bastante na transição. O novo ensino médio acho que pode ser uma grande oportunidade para os alunos explorarem e desenvolverem seu potencial nas áreas que mais se identificam. Tento me conhecer melhor e identificar meus objetivos, assim consigo observar as minhas capacidades, minhas afinidades e o que devo melhorar, para que eu possa seguir em frente da melhor forma possível. Acredito que como os alunos terão um certo poder de escolha, eles se sentirão mais incentivados a estudar”, conta.

Para o professor de produção textual, com a importância que o Enem ganhou nos últimos anos, a redação obteve grande destaque nessa prova. “Dessa forma, é preciso seguir com um trabalho cuidadoso que contemple as exigências do exame. Além disso, com o novo ensino médio, a produção textual, que está totalmente ligada aos acontecimentos da atualidade e, dessa forma, integra as áreas de conhecimento, recebe atenção especial, pois permite esse diálogo direto entre tais áreas. Saliento, ainda, a importância da escrita para uma linguagem universal e, com isso, a produção de texto se mantém como algo extremamente necessário nas novas demandas que aparecem com as mudanças do ensino médio”, destaca.

Itinerários formativos - Os alunos terão que cumprir os itinerários formativos que começam a ser ofertados em 2022, mas serão obrigatórios a partir de 2023. Eles serão optativos, escolhidos de acordo com a vontade do estudante e da oferta da instituição e serão compostos para se aprofundar nos conhecimentos das seguintes áreas: linguagens e suas tecnologias; matemática e suas tecnologias; ciências da natureza e suas tecnologias; ciências humanas e sociais aplicadas; formação técnica e profissional.

De forma geral, o aluno terá em sua grade as quatro áreas do conhecimento divididas por ano ou por semestre, a depender da escola, e poderá escolher uma disciplina extra para se aprofundar em uma das áreas ou na formação técnica e profissional. Por exemplo, a escola pode oferecer um itinerário de comunicação, no campo de linguagens e suas tecnologias, e outro de meio ambiente e sociedade em ciências da natureza, e o estudante terá a liberdade de optar qual itinerário cumprir.

O objetivo é fazer com que o aluno saia do ensino médio com uma formação ou conhecimentos específicos que o ajude a entrar no mercado de trabalho sem precisar de um diploma de formação superior. Esta parte da grade curricular ocupará 1.200 horas do ensino médio, divididas nos três anos da fase escolar. As escolas terão autonomia para definir quantos e quais itinerários formativos irão ofertar.

O novo ensino médio – outras mudanças

Previsto em lei aprovada em 2017, o novo ensino médio começa a ser implementado em 2022 em todo o país, nas escolas públicas e privadas. No próximo ano, os estudantes de ensino médio terão que dedicar mais horas ao ensino escolar: as 4 horas atuais passam para no mínimo 5.

Até 2024, o novo ensino médio passará de 800 para 1.000 horas anuais, atingindo 3.000 horas ao final dos três anos. Para atingir o total de horas, cada ano letivo deve ter 200 dias, com, em média, cinco horas por dia. As áreas do conhecimento ocuparão 60% do tempo de grade do ensino médio, não podendo ultrapassar o limite de 1.800 horas totais ao final dos três anos. Já os itinerários formativos devem ocupar os 40% restantes, totalizando 1.200 horas. A lei não determina se o cumprimento da carga horária vai ser presencial ou à distância, mas a legislação já permite que 30% do ensino médio noturno e 20% do diurno seja ministrado remotamente.

A grade curricular das escolas não terá mais o formato utilizado até então em que as disciplinas eram individuais, graças à Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Agora, os conteúdos serão divididos em áreas do conhecimento de maneira similar à que acontece no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Serão elas: linguagens e suas tecnologias; matemática e suas tecnologias; ciências da natureza e suas tecnologias; ciências humanas e sociais aplicadas.

Estas divisões vão abranger Língua Portuguesa, Arte, Educação Física, Língua Inglesa, Matemática, Biologia, Física, Química, Filosofia, Geografia, História e Sociologia. Nenhuma disciplina será excluída do currículo atual, mas serão trabalhadas de maneira diferente. Somente Língua Portuguesa e Matemática vão ser obrigatórias nos três anos de ensino médio.


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