Especialista alerta para o risco do coronavírus, a dependência excessiva da China e as questões políticas afetarem os negócios no Brasil e no exterior
Em todo o mundo, o coronavírus já infectou mais de 88 mil pessoas e causou a morte de mais de três mil. Recentemente, a Organização Mundial de Saúde (OMS) elevou para “muito alto” o risco mundial da epidemia de Covid-19 (o novo coronavírus). Os primeiros casos confirmados no Brasil trouxeram preocupação para a população e uma série de questionamentos sobre os impactos da doença na vida e nos negócios em vários países.
Os negócios podem ser afetados por conta de viagens de executivos, eventos, congressos e reuniões que estão sendo canceladas ou realizadas por videoconferência. Algumas empresas estão colocando os funcionários em home office ou dando férias coletivas por conta do atraso no recebimento de peças e insumos para a fabricação dos produtos ou para protegê-los em uma espécie de quarentena. As empresas de tecnologia, companhias aéreas, indústrias, varejo, aço, minério e petróleo estão entre os setores mais afetados.
Para Fernando Filardi, professor do mestrado em Administração do Ibmec, esta situação revela a fragilidade do modelo de manufatura enxuta (Lean Manufacturing) adotado pelas empresas em todo o mundo, onde se busca a eliminação do desperdício com a redução dos estoques. Segundo ele, “a questão é que isto cria uma dependência excessiva do fornecedor, e num mundo globalizado onde tudo vem da China, quando há uma epidemia desta grandeza, isto compromete os negócios de praticamente todas as empresas” O especialista afirma que as empresas devem procurar reduzir esta dependência, buscando desenvolver fornecedores nacionais ou de outra parte do mundo como alternativa de fornecimento.
Na semana passada, muitos investidores venderam suas posições na Bolsa de Valores por acharem que as empresas podem ser severamente afetadas e podem não alcançar os resultados esperados. Isso gerou uma busca por proteção através da compra do dólar, que disparou e chegou a R$ 4,50. Esta alta recorde pode afetar o bolso do consumidor, já que as empresas que utilizam componentes, máquinas e equipamentos importados tendem a repassar os aumentos. O impacto nas importações e exportações deve atingir a economia de muitos países, e no Brasil, a previsão de alta do PIB que estava em 2,3% pode ser revista para 2,0%, ou até 1,8%, dependendo da extensão e da duração da epidemia.
Além disso, segundo Filardi, “a dinâmica da economia brasileira também vem sendo afetada pela queda de braço entre os poderes Executivo e Legislativo dificultando o andamento das reformas administrativa, fiscal e tributária, que somada ao Covid-19, acaba virando uma espécie de tempestade perfeita, com questões de saúde pública, econômicas e políticas que podem transformar o ano de 2020 em mais um ano de grandes expectativas frustradas”.
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