Como conservar as peças de cerâmica e prolongar sua vida útil
Quebra fácil? Pode ir na lava-louças ou no micro-ondas? O ceramista Jef Castelani desvenda os principais mitos sobre o uso da cerâmica artesanal no dia a dia
A paixão pela nobre arte da cerâmica manufaturada move diversas pessoas a adquirirem peças com o objetivo de deixar a casa mais autêntica e original. Seu design exclusivo promove uma estética atemporal e ressalta que cada objeto carrega a singularidade do trabalho manual, ou seja, não existem duas peças exatamente iguais. Contudo, seus cuidados ainda geram dúvidas a respeito da maneira adequada de manuseá-las, especialmente quando se trata de materiais de cozinha, como pratos, copos e xícaras.
De acordo com o ceramista e professor Jef Castelani, da Cerâmica Castelani, onde produz suas peças em sua casa-ateliê em São Paulo, a cerâmica é extremamente resistente. “Existem sim alguns cuidados, mas no geral podemos conviver com objetos de cerâmica durante anos ou décadas, pois resistem a altas e baixas temperaturas e não quebram tão facilmente”, comenta.
Peças de cerâmica são frágeis?
Para realizar a queima da maneira correta, o ceramista Jef Castelani usa um forno específico. O equipamento inclui prateleiras removíveis para a queima de grandes quantidades | Foto: Fernando Alexandrino
Em seu ateliê, Jef realiza a tarefa cuidadosa de moldar e tornear os objetos feitos de argila, aplicando o esmalte para em seguida levá-los ao forno a uma temperatura altíssima para a realização da queima. Este processo de aquecimento e resfriamento desencadeia uma reação química que impede que a argila volte ao seu estado inicial.
“Após a realização da queima, não tem mais volta”, afirma o ceramista. “Esta etapa demanda toda a cautela possível para evitar que surjam trincas e fissuras na superfície da cerâmica”. Segundo ele, essa é a principal razão que leva algumas pessoas a acreditarem que peças de cerâmica sejam frágeis.
Ao usar uma argila ou um esmalte diferente, é necessário testar primeiro com algumas peças antes de levar diversas ao forno. Além de conferir a temperatura adequada, também se faz necessário certificar de que não ficou nenhuma bolha de ar enquanto se modela a peça | Foto: Fernando Alexandrino
Ainda assim, acidentes podem acontecer. Uma xícara pode tombar e um prato pode cair no chão, podendo apresentar marcas dessas quedas, mas Jef não vê isso como um problema. “Confesso que gosto de lascas e marcas, porque sempre assinalam uma história por trás. São um retrato da vivência da casa ou do ambiente em que está inserido”, reflete o profissional.
Podem ir a lava-louças ou ao micro-ondas?
As coleções Abas (à esquerda) e Oriental (à direita), da Cerâmica Castelani, são propostas simples, minimalistas e resistentes, podendo durar longos anos de uso | Fotos: Fifi Tong
Sim, podem. Jef Castelani conta que peças de cerâmica podem ser levadas à maioria dos eletrodomésticos presentes em casa. Entre eles, a lava-louças, o micro-ondas, a geladeira e o freezer.
A exceção é o fogão e o forno. “Acontece que a cerâmica não pode sofrer um choque térmico. Então, nunca podemos levar o item ao contato direto com as chamas. Porém, também deve-se ter cuidado ao colocar o prato quente em cima de uma superfície fria ou vice-versa”, recomenda.
Há instruções para a lavagem correta?
O ceramista Jef Castelani conta que a água pode deixar marcas irremovíveis. Um detalhe que normalmente passa despercebido é a importância de secar bem a peça assim que lavá-la. Esse cuidado evita o aparecimento de manchas sobre a superfície com o tempo | Fotos: Dan Brunini
Segundo o ceramista, itens feitos de cerâmica precisam ser lavados com água e sabão neutro. Vale ressaltar que são contraindicados produtos abrasivos ou ácidos para a limpeza, pois são os principais responsáveis por manchas e danos permanentes à peça.
Sobre Jef Castelani
Natural de Poços de Caldas (MG), o ceramista Jef Castelani reúne experiências vividas em estúdios nacionais e internacionais. Formado em Design de Mobiliário pela Escola Panamericana de Artes, se descobriu posteriormente na cerâmica. A partir de então, realizou sua formação ao dedicar-se, por 8 meses, nos cursos que participou durante as estadas em Bali, na Indonésia, e Bangkok, na Tailândia.
Em 2019, abriu o ateliê Cerâmica Castelani onde vende suas coleções feitas à mão e destina-se a ensinar as técnicas que o conduziram para um novo sentido de vida. Em 2022, convidado pelo renomado Studio Rusters, localizado no vilarejo de Ubud, na ilha de Bali, Jef participou de sua primeira feira fora do país e logo em seguida rumou para Bangkok, em busca de novos conhecimentos no Studio Poteri Clay Workshop.
Além de produzir suas coleções, o artesão ministra suas aulas por meio dos métodos asiáticos que se pautam na sustentabilidade na produção e o permitem produzir os esmaltes que colorem as peças. Seu estilo único resulta do feliz encontro entre a rusticidade, proveniente das suas origens mineiras, e a elegância das formas orientais.
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