Etarismo: por que ainda sofremos preconceito por nossa bagagem?
Empresas que ainda não reconhecem que a diversidade é fator chave para a inovação e criatividade estão fadadas ao fracasso.
O preconceito em relação à idade se tornou uma atitude tão comum nos dias de hoje que até ganhou uma nomenclatura específica: etarismo. E um dos locais em que o ser humano está mais suscetível a passar por ele, é no ambiente de trabalho, onde ele costuma passar mais da metade de sua vida, ou melhor, 80% do seu dia.
Com várias gerações convivendo dentro das organizações é normal que o conflito entre visões de mundo apareçam. Para Leila Santos, coach de líderes e empresas, o conflito pode existir, mas o confronto, não. “ Confrontos devem ser evitados, conflitos não. Nos conflitos, há a divergência de ideias ou de visão, mas o objetivo é encontrar uma solução. Certamente uma solução que envolva a visão de pessoas diversas é mais criativa do que a solução de pessoas que pensam da mesma forma.
Uma forma de melhorar a convivência é normalizar a diversidade de ideias e opiniões onde o respeito e o foco no objetivo comum é a prioridade. Valorizar a contribuição de todos mostrando argumentos que validam a decisão final é uma atitude que a liderança precisa fazer para manter o senso de pertencimento e reduzir qualquer indício de exclusão”.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), é considerado idoso todo aquele com 60 anos ou mais. Em um estudo de 2013 realizado pela Fundação Getúlio Vargas, foi levantado que 57% dos trabalhadores brasileiros terão mais de 45 anos em 2040, porém poucas empresas estão se preparando para acolher o envelhecimento dos colaboradores como deveriam. “Infelizmente nenhuma empresa está preparada.. A maioria delas pratica o etarismo de forma estrutural quando limita a idade para uma vaga aberta; quando faz demissão por idade; quando não tem plano de carreira para profissionais acima de 40 anos, e assim por diante. Empresas que ainda não reconhecem que a diversidade é fator chave para a inovação e criatividade estão fadadas ao fracasso. Os ambientes corporativos precisam estar mais atentos, o RH deve se posicionar, as lideranças precisam estar preparadas, mas cada pessoa precisa fazer a sua parte de forma genuína”, reforça Leila.
Mas envelhecer significa mesmo o fim da inaptidão profissional?
Segundo Leila, a neurociência derruba esse mito quando nos esclarece sobre a neuroplasticidade: a capacidade que o nosso cérebro possui de criar novas conexões neurais em qualquer momento da nossa vida. “Podemos continuar aprendendo e nos desenvolvendo se quisermos. Precisamos vencer essa crença dentro de nós mesmos e buscar o aprendizado, a atualização profissional ou até mesmo mudar de profissão”, explica.
Transformar um ambiente não preparado em um próspero e respeitoso para todas as idades não é tarefa das mais fáceis, mas Leila Santos traz algumas dicas que podem ser essenciais no dia a dia. “ O compartilhamento de um propósito e um objetivo em comum é capaz de unir além das diferenças. Além disso, praticar a curiosidade sobre o outro, como por exemplo: O que tenho de novo para aprender com o mais jovem? O que tem de experiências para aprender com o mais velho?, entre outros questionamentos, pode trazer uma ação mútua de conhecimento. E para terminar, sempre pensar que juntos, somos bem mais fortes, e que um time unido é certeza de sucesso absoluto.
Sobre Leila Santos
Coach de líderes e empresas há mais de 20 anos, atende clientes com renome no mercado como Grupo WLM, L’Occitane, Grupo Boticário, Sephora, Itaú, Biolab, Pfizer, Roche, Astellas, Ache, AstraZeneca, Farmoquímica, Fitec, Pierre Fabre, Uni2, Gencos, dentre outras. Atua com foco no cliente corporativo, sempre valorizando e investindo em profissionais e empresas que já estão preparados para essa mudança de cultura e mindset.
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