As empresas brasileiras têm mais risco de falência após a Covid-19?
Murillo Torelli Pinto
A previsão de empresas que operam em dificuldades financeiras tem sido um assunto de particular interesse para muitos acadêmicos, empresas e governos. Esse tipo de pesquisa sobre a previsão de falências com dados da contabilidade, é usado por bancos e financistas na avaliação de riscos e concessão de crédito.
Em um momento econômico como estamos passando, pode surgir o questionamento se a covid-19 aumentou o risco de falência das empresas brasileiras.
Já adiantando a resposta, sim as empresas brasileiras tiveram uma piora na saúde financeira durante a pandemia.
Estudos recentes empregaram diferentes técnicas para estimar a falência. Uma das técnicas mais tradicionais para prever a falência é o a fórmula do Z-score, que foi publicada em 1968 pelo Dr. Edward I. Altman, que era, na época, professor assistente de finanças na Universidade de Nova York. A fórmula pode ser usada para prever a probabilidade de uma empresa declarar falência nos próximos dois anos. O Z-score é usado para prever inadimplências corporativas, além de ser uma medida de controle fácil de calcular e definir status de dificuldades financeiras das empresas.
O Z-score é uma combinação linear de quatro ou cinco índices financeiros, ponderados por coeficientes. Os coeficientes foram estimados identificando um conjunto de empresas que haviam declarado falência e, em seguida, coletando uma amostra correspondente de empresas que sobreviveram, com correspondência por setor e tamanho. As variáveis no modelo consideram indicadores de atividade, de equilíbrio financeiro, de rentabilidade e risco.
A fórmula Z-score é composta pela seguinte equação:
Z-Score = 0.012 (X1) + 0.014 (X2) + 0.033 (X3) + 0.006 (X4) +0.999 (X5)
X1 = Capital de giro / Ativo total.
X2 = Lucros acumulados / Ativo total.
X3 = EBIT / Ativo total.
X4 = Valor de mercado / Total do passivo
X5 = Vendas / Ativo total.
Na análise do modelo os resultados podem indicar
Z > 2.99 - Zona segura - Boa capacidade financeira.
1.8 Z 2.99 - Zona cinzenta - Probabilidade de a empresa entrar em falência.
Z 1.80 - Zona perigosa - Alto risco de falência .
Considerando as técnicas de do Z-score aplicados por setor nas empresas capital aberto no brasil podemos avaliar como se comportou o risco de falência das empresas nos últimos onze trimestres (já com efeitos da covid-19 nos dois últimos trimestres).
Na média geral o Z-score das 347 empresas que estão listadas na bolsa de valores temos o seguinte gráfico histórico:
Os números antes do coronavírus já não eram os melhores (1 até 9), o país passava por uma grave crise econômica e, com a covid-19, os resultados pioraram, indicando que as empresas brasileiras estão em média com maiores risco de falência.
Alguns setores chamam mais atenção, como o setor aéreo, que nos últimos trimestres apresentou um Z-score negativo.
Mesmo setores que o Brasil tem uma tradicional expertise, os resultados do modelo não indicam uma boa saúde financeira das empresas, veja no exemplo o setor da agricultura.
Em outros setores, como o desenvolvimento de softwares, o risco de falência das empresas que já era baixo, teve uma melhora após a covid-19.
Ao todo, a análise do estudo conta com mais 108 setores sendo monitorados.
Murillo Torelli Pinto é professor de Contabilidade Financeira e Tributária da Universidade Presbiteriana Mackenzie.
Sobre a Universidade Presbiteriana Mackenzie
A Universidade Presbiteriana Mackenzie está na 103º posição entre as melhores instituições de ensino da América Latina, segundo a pesquisa QS Quacquarelli Symonds University Rankings, uma organização internacional de pesquisa educacional, que avalia o desempenho de instituições de ensino médio, superior e pós-graduação. Possui três campi no estado de São Paulo, em Higienópolis, Alphaville e Campinas. Os cursos oferecidos pelo Mackenzie contemplam Graduação, Pós-Graduação Mestrado e Doutorado, Pós-Graduação Especialização, Extensão, EaD, Cursos In Company e Centro de Línguas Estrangeiras.
Em 2021, serão comemorados os 150 anos da instituição no Brasil. Ao longo deste período, a instituição manteve-se fiel aos valores confessionais vinculados à sua origem na Igreja Presbiteriana do Brasil.
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