Como sobrevivem as ONGs em tempos de coronavírus
Com as medidas de isolamento social causadas pela pandemia, instituições precisam diversificar suas formas de captação de recursos
O coronavírus chegou ao Brasil no final de fevereiro e, nas últimas semanas, tem afetado a vida de todos, impondo à população o isolamento social e aos empreendimentos o fechamento involuntário. No meio desse caos, as ONGs, que já lutam todos os dias para se manter por meio de doações, se encontram em uma posição ainda mais difícil de sobrevivência.
Assim como qualquer empresa, as organizações sociais que prestam assistência às pessoas vulneráveis tiveram que se reinventar para continuar seus atendimentos. "Estamos acostumados a atuar em situações de crise e temos que seguir protegendo e cuidando das crianças, adolescentes e famílias atendidas que agora, mais do que nunca, precisam do nosso apoio incondicional. Por isso, reorganizamos nossas equipes e atividades, tomando diversas medidas para proteger a todos e seguir com nossa a missão", diz Edmond Sakai, Diretor de Relações Institucionais, Marketing e Comunicação da Aldeias Infantis SOS Brasil, organização que atua no acolhimento de crianças e adolescentes e no fortalecimento de famílias em situação de vulnerabilidade social.
No Instituto Família Barrichello (IFB), que combate a desigualdade e exclusão social por meio do esporte, a situação não é diferente. Segundo William Boudakian, Diretor Executivo, "diante desta crise, suspendemos todos os atendimentos diretos e assessorias, visando preservar o público, em especial os idosos, que são grupo de risco e hoje no Instituto somam mais de 1.800 pessoas. Apesar da suspensão das atividades, a equipe está trabalhando de forma intensa, criando conteúdos em vídeo que serão disseminados pelas redes sociais, pois manter o corpo ativo em um momento como esse é fundamental para trazer equilíbrio emocional e físico também", diz.
Além de alterar o formato de funcionamento das ONGs, outra grande preocupação nesse momento é a repercussão que a pandemia irá causar no aspecto financeiro. Na Casa Hope -- que oferece apoio a crianças e adolescentes portadores de câncer e transplantados de medula óssea, fígado e rins -- a responsável por Marketing, Comunicação e Captação de Recursos, Tatiana Caneloi, comentou que a instituição já está sendo afetada. "Alguns dos nossos doadores mantenedores estão suspendendo suas doações, pois para eles o cenário também não está favorável. Além disso, todos os eventos previstos até setembro foram cancelados sem previsão para ser retomados, o que impacta diretamente na arrecadação de fundos", comenta.
Na Aldeias Infantis, onde mais de 85% dos recursos são captados via doações nas ruas, e, por enquanto, tem a atividade completamente interrompida, os executivos acreditam que o impacto terá proporções nunca sentidas pela entidade.
Já no IFB, 70% da operação é custeada por leis de incentivo e os projetos estão sendo executados com os recursos captados em 2019. "Podemos dizer que sofreremos, sobretudo, no médio e longo prazo. Diante dessa crise econômica que vai afetar a produção e o rendimento das empresas, provavelmente teremos um efeito cascata que poderá afetar o financiamento de projetos para 2021 e 2022", diz William, que afirma que para fechar o ano ainda depende da verba recolhida em eventos que já foram cancelados.
Estratégias das ONGs
Diante da perspectiva de confinamento da população pelos próximos meses, uma das soluções encontradas é apostar no digital. O Instituto Família Barrichello tem o objetivo de colocar em prática um plano para sensibilizar a pessoa física a apoiar a causa. De acordo com William, o projeto estará em andamento a partir de abril.
Já a Aldeias Infantis aposta, além da campanha digital #SOSPrecisamosContinuar, na ajuda de influenciadores e parceiros para divulgar a necessidade de doações nesse momento difícil. A organização pretende também trabalhar a conscientização de sua base de doadores recorrentes para que, mesmo durante a crise, as doações não sejam canceladas.
Tatiana também vê nos doadores mantenedores e nas estratégias digitais a solução para manter as portas abertas. "Estamos entrando em contato com os doadores recorrentes para conversar sobre a nossa necessidade nesse momento, além de elaborar ações em redes sociais destacando que contamos com a solidariedade de todos, visto que sabemos que todos estamos no mesmo barco e enfrentando a mesma luta, mas as pessoas assistidas pela Hope estão precisando duplamente da nossa ajuda nesse momento."
O Covid-19 tem mostrado ao mundo a importância de podermos contar com o outro, pois a velocidade da disseminação do vírus se dá através do contato humano e a única forma de conter essa transmissão é todos permanecerem em suas casas. Mas, não podemos esquecer da população mais vulnerável que depende desses projetos sociais, que só poderão continuar prestando auxílio através da solidariedade dos doadores.
Sobre a Aldeias Infantis SOS Brasil
Como organização humanitária global, líder em cuidado infantil direto, a Aldeias Infantis SOS Brasil (SOS Children’s Villages International) atua no país há 53 anos, onde cuida de crianças, fortalece famílias, dá resposta a situações de emergência e advoga pelo direito de viver em família e comunidade. Presente em 31 localidades de Norte ao Sul do país, a Organização oferece atividades diárias que geram impactos positivos para mais de 11 mil pessoas, por meio de projetos de educação, esporte, lazer, geração de renda e empregabilidade, com foco na quebra dos ciclos de pobreza, violência e exclusão.
Sobre o Instituto Família Barrichello
O Instituto Barrichello, criado pelo piloto Rubens Barrichello, nasceu em 2005 como entidade sem fins lucrativos, para combater à desigualdade e a exclusão social. Desenvolve projetos inovadores capazes de provocar impacto social e mudanças de comportamento bem como gerar novas possibilidades sociais, contribuindo para abrir horizontes de crianças, adolescentes, jovens e idosos. A direção está focada na promoção da ética, da cidadania e do fortalecimento dos vínculos e valores familiares e comunitários. Atuando em rede com organizações sociais, movimentos e escolas públicas localizadas em bairros com registro de alta vulnerabilidade social e econômica, o Instituto Barrichello temos o Esporte, a Atividade Física e o Brincar como ferramenta de transformação que promove educação, desenvolvimento humano e gera qualidade de vida. Hoje, beneficiamos mais de 3 mil pessoas semanalmente em 4 projetos, alcançando 25 núcleos em São Paulo, além de 4 em Mogi Mirim, totalizando 31. Mais de 16 mil pessoas de todas as idades já foram atendidas pelos projetos do Instituto Família Barrichello nesses 14 anos de atuação.
Sobre a Casa Hope
A Casa Hope Apoio à criança com câncer é uma instituição 100% filantrópica que oferece, há mais de 20 anos, a crianças e adolescentes portadores de câncer, transplantados de medula óssea, fígado e rins juntamente com seus acompanhantes de baixa renda, procedentes de todo o Brasil via SUS, serviços de moradia, alimentação balanceada e acompanhamento nutricional, medicamentos, vestuário, transporte para hospitais, aeroportos, rodoviárias, serviço social, assistência psicológica, terapia ocupacional, escolarização, cursos de capacitação profissional, entre outros, durante todo o período de tratamento nos hospitais onde são assistidos. Tudo isso gratuitamente. Atualmente, a casa é constituída por 48 dormitórios com 192 leitos e o grande propósito da Casa Hope é continuar com este trabalho de imensa responsabilidade, oferecendo com muito carinho o que há de melhor!
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