Relação entre poluição e hipotireoidismo é tema de estudo publicado em revista internacional
Trabalho da médica Maria Angela Zaccarelli Marino foi destaque no International Journal of Environmental Research and Public Health
A associação entre a ocorrência de hipotireoidismo primário e a exposição da população a poluentes industriais ganhou destaque recente no periódico científico International Journal of Environmental Research and Public Health (na tradução, Revista Internacional de Pesquisa Ambiental e Saúde Pública). A pesquisa foi comandada pela professora de Endocrinologia do Centro Universitário Saúde ABC / Faculdade de Medicina do ABC (FMABC) e envolveu mais de 2.000 pacientes, em busca de aprofundar o conhecimento sobre como os agentes ambientais interferem na função tireoidiana em múltiplos níveis.
O estudo investigou a ligação entre as concentrações de poluentes e a ocorrência de hipotireoidismo primário em pessoas residentes na área de influência do Complexo Petroquímico de Capuava, situado na divisa entre os municípios de São Paulo, Santo André e Mauá. A região foi avaliada a partir do modelo de dispersão AERMOD, que é reconhecido internacionalmente e recomendado pela Agência Americana de Proteção Ambiental (EPA-USA).
A concentração de poluentes atmosféricos foi analisada utilizando informações meteorológicas do período entre 2005 e 2009. Esses dados foram correlacionados com um estudo anterior, também da Dra. Maria Angela Zaccarelli, que avaliou entre os anos de 2003 e 2005 mais de 2.000 pacientes residentes da área industrial, de ambos os sexos e idades entre 8 e 72 anos.
“Conseguimos comprovar cientificamente que a poluição do ar associada ao Complexo Petroquímico de Capuava é um importante fator ambiental, que contribui para o desenvolvimento do hipotireoidismo primário na população que reside nas proximidades dessa área industrial. Os compostos orgânicos voláteis (COVs), o monóxido de carbono (CO) e o dióxido de nitrogênio (NO2) foram identificados como os principais agentes químicos, pois apresentaram as maiores correlações entre hipotireoidismo primário e concentração de poluentes”, detalha a endocrinologista Dra. Maria Angela Zaccarelli Marino.
Além da docente da FMABC, também participaram do trabalho os pesquisadores Rudá Alessi e Thalles Zaccarelli Balderi, assim como o pesquisador do Departamento de Saúde Ambiental da Harvard T.H. Chan School of Public Health, Marco Antonio Garcia Martins. Como primeiro estudo brasileiro demonstrando a associação entre poluição e hipotireoidismo primário, os autores seguirão trabalhando para melhor entender os mecanismos relacionados ao fenômeno descrito e para encontrar maneiras de compensação ambiental, redução de danos e prevenção de novos casos na população.
O artigo “Association between the Occurrence of Primary Hypothyroidism and the Exposure of the Population Near to Industrial Pollutants in São Paulo State, Brazil” pode ser acessado gratuitamente pelo link: https://doi.org/10.3390/ijerph16183464.
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